Lusa/TPP
A secretária de Estado das Comunidades Portuguesas admitiu, após uma reunião com a direção do Sindicato dos Professores nas Comunidades Lusíadas (SPCL), a possibilidade de o Estado alugar salas para garantir o ensino da língua portuguesa no estrangeiro. “Estamos a reforçar o orçamento das coordenações porque pode ser necessário comprar material de proteção para os alunos e para os professores pode ser necessário, eventualmente, alguma sala seja alugada, mas tudo faremos para que o ensino seja o mais normal possível, de preferência presencial”, disse Berta Nunes em declarações à Lusa, por telefone, após uma reunião com a secretária-geral do SPCL, Teresa Duarte Soares.
A preparação do novo ano letivo foi uma das preocupações apresentadas por Teresa Duarte Soares durante a reunião na sede do Ministério dos Negócios Estrangeiros, em Lisboa. “Um dos assuntos mais importantes que queríamos apresentar era realmente a preparação para o novo ano letivo, que em alguns países, em algumas regiões irá começar já em meados de agosto”, afirmou, também por telefone, a dirigente sindical à Lusa, acrescentando que “é expectável que as entidades locais não cedam salas”, uma vez o ensino da língua portuguesa é uma atividade extracurricular e não uma disciplina curricular.
A sindicalista sublinhou a importância da retoma das aulas presenciais e apontou que nem todos os alunos do ensino de língua portuguesa no estrangeiro têm acesso ao ensino à distância. “A nossa população escolar, a maioria, são alunos até ao segundo ciclo, que ainda não estão preparados para lidar com essas técnicas”, apontou Maria Teresa Duarte Soares.
Berta Nunes assinalou que este é um problema transversal e que, tal como em Portugal, os esforços dos professores “não chegaram a 100%” dos alunos, ainda que os docentes tenham utilizado também plataformas de troca de mensagens para a difusão de conteúdos escolares.
A secretária de Estado explicou ainda que cerca de 600 professores participaram em formações do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua (IC) destinadas à preparação para o ensino à distância.
Na ótica do SPCL, estas formações “não tiveram grande utilidade”, uma vez que muitos dos alunos não tiveram as ferramentas de acesso necessárias. “Se os alunos não tiverem, eles próprios essas ferramentas, não há resultados positivos, tal como sucedeu aqui em Portugal. Em Portugal, o Ministério da Educação, até com aulas através da televisão e tentou colmatar as lacunas que havia, mas o Instituto Camões não tentou colmatar as lacunas que existiam”, disse secretária-geral do SPCL.
Berta Nunes apontou que as aulas transmitidas pela televisão estão disponíveis no serviço de ‘streaming’ da RTP, a RTP Play, e que o canal onde estes foram transmitidos em Portugal, a RTP Memória, não é de livre acesso em todos os países, pelo que a utilização deste meio para a difusão de aulas de português no estrangeiro está a ser analisada.
Teresa Duarte Soares apontou ainda que há “cerca de mil inscrições a menos” para o próximo ano letivo, uma situação que considera “grave” e “absolutamente de evitar”.
A secretária de Estado apresentou um número semelhante e que até agora foram registadas cerca de 14.300 matrículas, sendo que no ano passado este valor ultrapassava os 15.000.
A governante desvalorizou a diferença, referindo que os números costumam subir em setembro, depois da divulgação dos horários do ensino regular”, pelo faz um balanço “bastante positivo” face a um “contexto bastante desfavorável”.
“A nossa expectativa é mesmo que possa haver um aumento do número de inscritos em setembro”, vincou.
Durante a reunião entre SPCL e a secretária de Estado das Comunidades Portuguesas foram abordadas outras reivindicações feitas pelo sindicato, como a alteração do regime jurídico do ensino da língua portuguesa no estrangeiro, incluindo a abolição das propinas e a criação de um quadro de professores no estrangeiro, tendo as duas representantes feito um “balanço positivo” neste campo.
Uma nova reunião entre SPCL e SECP está prevista para os meses de setembro ou outubro.
Comentarios