top of page
Buscar

Entra Agosto


Gonçalo Galvão Gomes


1. Nem todos os heróis usam capa

Os tempos de covid têm sido particularmente difíceis para quem vive longe do seu país. Os portugueses que vivem fora de Portugal perdem-se nas burocracias e procedimentos dos vários países (o que vivem e do que visitam), que teimosamente competem para ver qual consegue tornar a vida dos cidadãos mais complicada. Ainda há poucas semanas a Alemanha bloqueou a passagem a quem viajava de Portugal e fazia escala (mesmo que apenas de algumas horas) nos aeroportos alemães. Isto traduziu-se num verdadeiro caos, com pessoas a serem impedidas de viajar, mesmo que apresentassem testes covid negativos, comprovativo de vacinação, ou ambos. Com alterações a acontecerem todas as semanas e sem que haja uma lógica entendível (nada explica o bloqueio que usei como exemplo), comprar um bilhete de avião tornou-se quase um ato de fé e carrega em si um nível de ansiedade, que nem permite o usufruto das merecidas férias e das visitas às pessoas de que sentimos falta durante todo o ano.


Outro dos desafios que se coloca, é o agendamento nos consulados. O meu agendamento demorou mais de 4 meses. Mais de 120 dias para pedir um documento, que se alguém tiver o azar de perder ou ser furtado, lhe irá condicionar não só a mobilidade, mas também atos bancários, assinatura de contratos de trabalho e tantas outras coisas essenciais para a nossa vida.


Na outra parte desta equação, estão os funcionários consulares, que apesar da falta de recursos humanos e técnicos, mantêm um nível de profissionalismo e dedicação que dignificam o país. Os funcionários consulares dão a cara por um sistema, que não só não conseguem mudar, como os prejudica mais do que ninguém.


É preciso exigir mais aos nossos políticos, nomeadamente aos que representam a comunidades portuguesas, mas também é preciso reconhecer o esforço destes profissionais. Um enorme obrigado.

Fotocomposição com fotos de Felipe Simot e Kara M - Unsplash

2. Viva la revolución


Farto e cansado, o povo Cubano saiu às ruas a exigir liberdade. Infelizmente, é demasiado tarde para fazer justiça ao ditador Fidel, mas ainda há tempo para os cubanos se libertarem da ditadura socialista dos Castro. Diz-se que parte da família terá já fugido da ilha e procurado abrigo em terras europeias. A confirmar-se este facto, caberá aos países europeus e à União Europeia, garantir que o dinheiro roubado ao povo cubano e despejado nos bancos europeus, não irá fugir dos seus donos legítimos. Um acontecimento para acompanhar. Cuba Livre!


3. Isto é tudo um p***do


A célebre frase de Arnaldo Matos, fundador do MRPP que faleceu em 2019, e que censuro por respeito às mentes mais sensíveis, serve de introdução (metafórica) para a situação miserável da partilha de dados pela Câmara Municipal de Lisboa.


À revelia da lei de proteção de dados e de qualquer pingo de bom senso, os serviços da Câmara Municipal de Lisboa partilharam dados pessoais de manifestantes a favor de um opositor do presidente russo Vladimir Putin com a embaixada da Rússia em Portugal. Veio depois a saber-se que o procedimento é padrão e que já anteriormente se haviam partilhado os dados pessoais de manifestantes às embaixadas da China e da Venezuela. A CML, que é o terceiro maior empregador nacional, sendo apenas ultrapassado pela Jerónimo Martins e Sonae, não encontrou um funcionário para supervisionar este tipo de procedimentos e foi preciso um dos manifestantes visados descobrir, para que o país viesse a saber, que andamos a enviar moradas de opositores políticos a embaixadas de governos conhecidos por aprisionar e mandar matar os seus dissidentes.

Quanto a ponte Hintze Ribeiro em Entre-os-Rios colapsou em 2001, ninguém pensou que o então ministro Jorge Coelho tivesse sido responsável direto pela tragédia. Mas havia uma responsabilidade política que não podia ficar em branco. Jorge Coelho demitiu-se e disse na altura “a culpa não pode morrer solteira”.

Fernando Medina, o presidente da Camara de Lisboa, não foi o responsável direto pela partilha de dados, mas é o responsável político. A diferença entre estes dois políticos socialistas é evidente. Só o apego desmesurado de Fernando Medina à cadeira do poder, lhe permite continuar no cargo, e só a conduta política de Medina me permite concordar com Arnaldo Matos.


22 visualizações
bottom of page