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100 anos de Amália Rodrigues evocados em Bonn

António Horta

Foto: WPR•Schnabel/Bonn ©2020

Passados 100 anos desde o nascimento de Amália Rodrigues e mais de duas décadas depois da sua morte, a “Voz de Portugal“ continua a ser um símbolo nacional cada dia mais vivo no coração dos amantes do Fado. Amália Rodrigues é e será o ídolo das novas gerações de fadistas que Portugal tem um pouco espalhado por todo o mundo, nomeadamente na Alemanha com Susana Pais.


Não será necessário voltar a contar a bem conhecida história de vida de Amália, fazendo os tributos no seu centenário por todo o mundo prova do seu legado. Também na Alemanha Amália Rodrigues não foi esquecida no seu centenário: Susana Pais, em parceria com o empresário José Banha, organizaram um grande evento no passado dia 1 de Outubro nos palcos da Harmonie da cidade de Bonn.


Susana Pais

Susana Pais nasceu na Alemanha, na cidade de Solingen, e sendo ainda uma jovem no mundo do Fado, já é, no entanto, uma figura bastante popular na Alemanha. Susana Pais diz que “o Fado aconteceu” na vida dela, há uns anos atrás ao ver um filme de Amália, onde esta cantou o fado “Vou dar de beber à dor” com sua irmã Celeste Rodrigues. Ficou fascinada e há seis anos aventurou-se na sua odisseia nesse mundo tão português.

No início deste ano, em conversa com seu amigo pessoal José Banha, também ele um apaixonado pelo Fado, decidiram organizar um espectáculo dedicado a Amália, num palco do qual Susana Pais guarda grandes recordações: foi no palco da Harmonie em Bonn que cantou com Ana Laíns e os seus maravilhosos músicos numa grande noite mágica, que se tornou a repetir noutras ocasiões.


Após formado um conceito com as devidas precauções contra a Covid-19, depressa se formou também o elenco, conforme nos conta Susana País. Um dos convidados programados era Paulo Bragança, uma figura por vezes controversa no Fado, com uma presença e voz inconfundíveis. Contudo, a classificação da região de Grande Lisboa como zona de risco pela Alemanha, a sua participação acabou por não se concretizar.

O convidado especial da noite acabou por ser o conhecido cantor Marco Matias, actual vocalista da famosa Big Band do exército alemão. Não sendo o Fado o género musical que interpreta, Marco Matias cantou, no entanto, alguns temas e encantou, deixando grande expectativa para um futuro no fado.


Inês Graça

Outra das artistas convidadas foi uma fadista com quem Susana Pais tem fortes laços de amizade, Inês Graça, algarvia de gema (alentejana sem travões, como ela costuma dizer na brincadeira). Inês Graça canta desde os doze anos e vive actualmente em Coimbra, visto que já conhecia bastante bem o mercado do fado no Algarve e sentiu a necessidade de sair da zona de conforto para se expandir e se dar a conhecer. Escolheu Coimbra, a cidade Universitária, onde também o fado tem raízes, embora de forma própria e sendo exclusivo a homens. Conta que uma vez lhe disseram “Quem muda, Deus ajuda”. Vive há dois anos em Coimbra, onde diz sentir-se muito feliz, e sente que “Deus a ajuda”. De vez em quando dá um saltinho ao Algarve para matar saudades.

Inês tem um CD gravado com o título “ Origens“, no qual canta fados populares, para além de outras gravações com o Grupo Al Mouraria do qual fez parte vários anos. Diz-nos que, em breve, vai sair novo trabalho com fados originais e letra de autoria própria. Partilha connosco que no início tinha vergonha de cantar fados com a letra da sua autoria, visto que exprime publicamente nelas os seus sentimentos. Hoje com um vasto repertório de fados originais dá espectáculos por todo o país e estrangeiro.


À pergunta sobre o que sente ao cantar fado no estrangeiro e no que é diferente, Inês Graça responde que depende do público. Mas, adianta, ao cantar no estrangeiro, por exemplo aqui na Alemanha, sente algo que em Portugal é mais difícil sentir: as pessoas vêm para ouvir fado, o qual por vezes nem conhecem, mas vêm para o ouvir e nota-se essa tensão no ar. Em Portugal nem sempre é assim, os portugueses combinam ir ao fado como um convívio e um jantar entre família e amigos, onde por vezes é necessário cantar mais alto para que as pessoas possam falar á vontade (diz com um sorriso). Ou seja, no estrangeiro as pessoas não conhecem, mas saem de casa para ir ouvir, enquanto nós, em Portugal, por vezes não saímos de casa para ir assistir a um espectáculo de música que não conhecemos. Aqui as pessoas são diferentes, têm uma abertura na mente, uma curiosidade de conhecer novas formas de música.


Amália Rodrigues é também para Inês Graça um grande ídolo, dado que foi ao ouvir as letras dos fados de Amália que notou que as suas vidas tinham muito em comum.


Neste tributo a Amália foram cantados exclusivamente fados de Amália Rodrigues, tendo o acompanhamento ficado a cargo de grandes nomes da gíria do fado na Alemanha: Ivo Guedes na Guitarra Portuguesa, Ruben Claro no baixo e João Luís Nogueira Pinto na guitarra clássica.



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